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A pior solidão é aquela que lhe priva de você mesmo

Solidão é um dos sentimentos mais relatados dentro das paredes dos consultórios. Não apenas dos psicólogos, mas de diversos outros profissionais. Solidão é o sentimento que muitas vezes leva as pessoas a buscarem auxílio nas mais diversas áreas. Poder ser ouvido, não importa por quem, poder falar de si seja como for, é reconfortante em muitos níveis.

A solidão, ao contrário do que muitos pensam, independe da quantidade de pessoas ao seu redor. Já conheci muitos solitários acompanhados. Não se percebiam junto, nem quando estavam. Não se sentiam parte, incluídos, mesmo quando eram. Muitos nem percebiam as pessoas ao redor, tentando auxiliar.

Tentar definir de onde ou porque a solidão se instala seria o mesmo que tentar achar a mesma explicação para todos os que sonham com uma tempestade ou flores. Cada sonho é único, assim como cada indivíduo é único e especial. Somente pensando com cada um é possível entender os motivos que trazem ou despertam essa solidão. Depende do que cada um busca e da sua interpretação a respeito.

Importante saber que solidão é diferente da solitude. Solitude não é uma palavra muito usada, mas encontrei uma citação perfeita a respeito da diferença entre ambas: “A linguagem (…) criou a palavra solidão para expressão a dor de estar sozinho. E criou a palavra solitude para expressar a glória de estar sozinho” (Paul Tillich – teólogo alemão).

Em que outro momento podemos ser tão “nós mesmos”? De que outra forma podemos simplesmente SER, se não em nossa própria e única companhia? Tempo para fazer o que se gosta, ou fazer nada. Minha percepção ao longo dos anos de trabalho com pessoas é de que sente mais solidão quem tem muita dificuldade em estar consigo mesmo. Talvez dificuldade de olhar para dentro, para sua própria vida, ou por dependerem muito de afirmações externas a si mesmo para sentir segurança e amor próprio.

Relacionar-se é fundamental. Ter companhia, estar com quem se ama. Mas nem todos os laços são eternos. Nem todos os vínculos que construímos duram para sempre. É preciso aprender a beleza que existe em estarmos sós, para que possamos apreciar a companhia, sem precisar dela. Precisar não é o mesmo que desejar. Precisar é não viver bem sem. Aprenda a estar consigo mesmo e aproveitar sua própria companhia. Aprenda inclusive a fazer absolutamente nada com você mesmo. Ouça sua mente. Aprenda seus padrões. Lide com você mesmo e fortaleça o seu amor próprio. Você verá que a cura da solidão não depende de se ter companhia, mas de ser uma boa companhia para si mesmo.

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