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Minha primeira sessão como paciente.

A primeira vez em que me sentei diante de você, não sabia direito o que fazer. Eu nunca tinha feito terapia e não sabia ao certo qual o protocolo. Você me olhava com olhos atentos e um silêncio que me deixou sem chão. Então você me pediu, assim sem mais delongas, que eu falasse de mim. Fiquei sem graça, ninguém nunca tinha me pedido isso. Como é que se fala de si?

Silêncio. Percebi que precisaria me acostumar com os silêncios, já que eles também fazem parte. Tentei escarafunchar no fundo de minha memória alguma palavra que pudesse me explicar para você, mas que ilusão: eu não sabia me explicar nem para mim mesma, talvez ainda não saiba. Como não achei palavras, eu chorei. Um choro sentido, aquele tipo de choro guardado por tanto tempo que parece que você nunca mais vai parar. Não senti necessidade de explicar, apenas permiti. Você aguardou, sem falar, sem tentar me consolar, apenas me entregou um lenço. Te agradeço por ter respeitado a minha dor. Quando parei de chorar, disse a você que nunca tinha falado de mim para ninguém, mas que poderia tentar, do meu jeito.

Isso faz 22 anos e eu nunca mais parei. Você ficou em minha história, mas outros vieram em seu lugar. Mudei de cidade, mudei de psicólogos ao longo dos anos, sempre por necessidade. Cada um deixou em mim um pedacinho de si, todos são hoje um pouco da voz que ouço em minha cabeça, quando preciso de um suporte para seguir. Cada um me ensinou um pouco sobre mim, me ensinou a caminhar por mim mesma. Eu teria conseguido sem eles, talvez. Mas dividir um pouco de mim me mostrou muito mais do que meu silêncio me mostraria. Hoje tenho todas as palavras para falar de mim, falo sem medo e posso perfeitamente dizer quem sou. Sou grata por tudo, por TANTO e, neste dia do psicólogo (27/08), deixo registrado meu agradecimento a todos os que fizeram este papel em minha caminhada pessoal! Também estendo meu abraço a todos os colegas que, como eu, dedicam-se com amor a esta linda profissão.

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