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Perdas e ganhos

Perdas são dolorosas. Passamos quase a vida toda buscando uma noção mais profunda e duradoura, algo que nos diga que estamos seguros, que está tudo bem, que vai dar certo. Que não haverá surpresas, que agora é só “tocar a vida”. Evitamos as perdas a todo custo, nas escolhas, nas mudanças, nas inseguranças da vida.

Então quando lhe digo que esta confusão no seu peito é normal, que estar perdido e temer o que virá agora, que ter uma mistura de sentimentos é normal, estou falando a verdade. Não sabemos direito como agir, que escolhas fazer, o que sentir. Não sabemos como será o amanhã e isso desconcerta, porque buscamos garantias, lembra? Segurança, estabilidade – meras ilusões. Não há redes, não há segurança, nunca houve. O que há é você, com seu potencial, suas forças e suas limitações, com toda sua beleza e humanidade, lidando com seja o que for que a vida colocar em seu caminho. E será assim agora, novamente.

Quando duvidar de si mesmo, veja a sua história de vida. Quantas coisas você já superou? Quantas dores, quanto medo, quanta rejeição? Quanta coisa veio e passou? A humanidade já enfrentou coisas assim e sobreviveu, nós também vamos. Mas se focarmos nas perdas, nas dificuldades, nas mudanças o tempo todo, o sofrimento torna-se maior do que o necessário. A dor expande, a esperança some, porque olhamos com os nossos olhos de criança desamparada. E não somos desamparados, crescemos!

As perdas e mudanças trazem o luto, esta confusão temporária que escurece as coisas, que embaça tudo. Acolha o que vier, não há mal algum em sentir tristeza, ansiedade, medo, dúvidas. Mas não se afogue, não inunde, apenas reconheça e permita-se expressar. Converse com alguém que você confia, troque. Nossa humanidade é muito mais semelhante do que você imagina. O que sinto aqui, em meu peito, também está no seu. As coisas vão mudar, mas vamos sobreviver. Mudanças podem ser luz, podem trazer partes suas que você não imaginava. Não tema mais do que o necessário. Isso também passa.

Foque no que está sob as suas possibilidades de intervenção. Foque no que você pode fazer, no que lhe cabe, no que você alcança. Se sua mente ficar perdida em devaneios do que pode vir a ser no futuro, diga a ela que você dará um passo de cada vez, um dia de cada vez, lidando somente com as coisas que já se apresentam, nos fatos. Proteja, previna, faça sua parte, mas sem mentalizar o “fim do mundo”. Não será o fim, pode ser um recomeço. Teremos que lidar com o luto das mudanças, reorganizar, recriar, inventar. Teremos que lidar conosco, com nossas sombras e dúvidas, com quem somos em nosso mais íntimo. Mas vai passar. Eu sei que vai.

Como você pretende sair disso tudo, quando finalmente acabar?

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