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Ser sincero não é ser cruel

“Luciane, eles só não gostam de mim porque eu sou assim mesmo, falo as verdades doloridas”. Um grande número de pessoas refere a si mesmo como possuindo esse tipo de característica, a de falar o que pensa. Falar o que se pensa não é em si um problema, muito pelo contrário. Pode ser excelente expressar o que se sente, deseja e precisa. Isto facilita muito os relacionamentos humanos. O problema é que muitas dessas pessoas pecam na FORMA de expressar. Sabe quando a pessoa fala algo e você tem a sensação de que ela veio correndo e lhe deu um chute na boca do estômago? Pois é, isso é o que acontece com a sinceridade rasgada.

Ser sincero não é sinônimo de ser cruel, nem de falta de respeito ou da gentileza básica. É claro que não acertamos sempre e nem sempre as palavras são interpretadas pelos outros da forma que pensamos que seriam, mas algumas pessoas de fato falam o que pensam sem minimizar e nem procurar a melhor maneira de colocar isso para fora.

Lembre-se, existe uma linha muito tênue entre sinceridade e indelicadeza. Se o seu objetivo não é ferir, cuidado com a forma como fala. Ao falar de algo, fale DO FATO e não da pessoa. Fale daquilo que a pessoa FEZ, localize o problema na ATITUDE e não na pessoa. Dessa forma você está dando a chance de a pessoa evitar o fazer novamente, e não situando o problema na personalidade, no caráter dela (também deve ser utilizado ao ensinar algo às crianças). Você também pode falar a respeito de como você SE SENTE com determinada atitude de alguém, assim estará permitindo que o outro perceba como as atitudes que tem refletem em você.

Mas que diferença isso faz, Luciane? Muita, quer ver? Vamos aos exemplos:

Você passou o dia trabalhando e resolvendo ainda mil coisas de casa, filhos, marido. Aí você finalmente consegue sentar alguns minutos e, nisso, chega o marido. Estressado do trabalho, cabeça cheia, fome, ele olha para o fogão e solta um:

– Não fez nem a janta?

Nessa hora, minha amiga, tenho certeza absoluta que a sua raiva atinge uns picos nunca dantes navegados, não é?

MAAAAAAAAAAAS, se ele entrasse em casa e dissesse um:

– Mulher, hoje eu voltei para casa sonhando com aquele omelete que não tem no mundo quem faça como você. Você tem mãos de fada! E depois da janta, bora relaxar no sofá vendo um filme?

O recado é o mesmo: estou com fome e quero comida. Mas o jeito de pedir não muda as coisas?

Outro exemplo:

Namorado combina com você que vai chegar às 20:00 e você, querendo fazer uma surpresa, está desde às 18:00 planejando e cozinhando um jantar, toda arrumada. Mas eis que o tempo passa e passa e a sua mente já começa a criar mil coisas pelo atraso. Quando ele chega você pode dizer:

– Mas é uma falta de respeito mesmo, você nunca chega na hora marcada e eu fico feito uma besta aqui no fogão. Você é muito egoísta! (dedo apontado para a culpa dele)

Ou:

– Poxa, quando você se atrasa me dá uma raiva, porque parece que você nem liga se me deixa esperando. (falando sobre o como se sente a respeito da situação)

Entende a diferença do apontar o dedo e do falar do que você sente agora?

Se o objetivo é ferir, pense até que ponto vale a pena. Pode ser que a longo prazo você mude de ideia sobre esta atitude. Algumas pessoas depositam suas percepções no colo das outras como se fossem verdades absolutas. Pode ser apenas a sua forma de ver, não a verdade. Mesmo que seja, quando jogamos no colo do outro uma verdade não solicitada, precisamos saber que nem sempre a pessoa tem a estrutura emocional ou mental para lidar com isso, ou seja, vai dar pane!

Comece a ter mais cuidado com a forma como diz as coisas. Conforme vamos nos polindo neste aspecto, percebemos que podemos dizer exatamente a mesma coisa de uma forma que será ouvida e registrada, sem a dor e o estrago que podemos causar quando usamos palavras inadequadas e recheadas de raiva. Quando o objetivo é o auxílio, palavras mais brandas normalmente possuem a delicadeza necessária para entrar na mente e na vida das pessoas, auxiliando quando elas permitem.

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