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Sobre as dores de cada um

Poucos aprendizados em minha vida têm sido tão longos e tão significativos quanto o aprender a aceitar quem sou. Eu não sei se você “já nasceu” sabendo fazer isso, se sempre teve bons pensamentos e sentimentos a seu respeito. Comigo não foi assim. E, por um tempo longo demais, minha visão não era capaz de ver coisas boas em mim, em nenhuma esfera. Simplesmente não havia nada lá.

E levei tempo para ajustar. A gente leva tempo para entender que entre aquilo que você gostaria de ser, de forma ideal, e aquilo que você de fato é, existe sim uma lacuna, mas que isso jamais significa que o que há não seja digno de amor, do seu amor (e dos outros). Leva tempo para entender que ser falho é o possível para todos nós. Falhamos, de alguma forma, em algum momento. Não há outro modo de crescer. Mas ser falho não faz de você quebrado, estragado, indigno. Partes suas nunca serão o todo. Há muito mais em você.

Precisei aprender (e ainda sigo aprendendo) a me olhar com mais compaixão e amorosidade. A ver meus pedaços como parte de uma figura muito maior. Talvez eu nunca seja quem idealizei. Talvez minha vida nunca seja. Talvez eu faça escolhas estranhas, que ninguém mais entenda. Estou apenas tentando viver da minha forma, a real, não a ideal. E na minha forma real, nem tudo se explica. Porque os meus afetos são o que são, e não o que eu gostaria. Porque eu sou humana e absolutamente falha. Porque sou tão quebrada quanto você. Porque meus sonhos e meu coração já se partiram tanto quanto os seus. Porque precisei aprender a me ver entre os escombros de tudo o que tentei ser para me encaixar naquilo que esperaram de mim, naquilo que eu esperei.

Talvez você me entenda, talvez saiba como é ser assim. Talvez não. Mas, seja como você for, lembre-se de olhar para isso tudo que você é com amorosidade, com curiosidade, com o orgulho de ter passado pelas coisas que já passou para estar aqui hoje, seguindo. Veja a beleza que é ser real, ser tanto, tão pouco e ainda assim poder ser tudo. Tudo o que importa é aprender a se olhar de verdade, com verdade. Sem tanto julgamento e com mais realidade. Muitas vezes não precisamos de ajuda externa nenhuma para sofrermos com a vida que temos, com a imagem que temos de nós, de tudo.

Hoje eu quis me mostrar um pouco mais para você, aqui nessas palavras. Só para você entender que todo mundo tem suas batalhas interiores. Todos tivemos e temos muito a aprender e superar. Mas que você não desista de seguir. No ritmo que puder, da maneira que conseguir, apenas siga. Quem sabe você consiga ver, um dia, a “imagem maior” que os seus pequenos pedaços colados podem formar. Cada um deles é você, cada um importa, todos contam uma história. O “tema geral” dessa história é você quem define. Depende de como você olhar para isso tudo. Lembre-se que o final ainda não chegou e, até lá, ainda aprenderemos e mudaremos muito. Sigamos, então, com a curiosidade de nos enxergarmos de verdade, com a coragem de sermos quem somos e, aceitando profundamente nossa vida, nossa verdade, nossa história, que possamos escolher os novos passos com amor e um olhar mais atento para aquilo que nos importa de verdade.

Que essas palavras abracem você hoje, como fizeram comigo, quando saíram de mim para o papel.   

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